Neste 'Saber', Roberto Tranjan define como se forma a visão sistêmica de um negócio, visão esta que realmente é capaz de construir um empreendimento feito para durar.
Bom filme e boa leitura.
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Visão sistêmica para construir um empreendimento feito para
durar
Você
quer mesmo saber se o seu empreendimento é promissor? Se ele é capaz de romper
com o círculo repetitivo da sobrevivência e tirar partido de todas as suas
possibilidades?
O
jogo da sobrevivência é muito conhecido. Está no imediatismo e na busca
obsessiva por resultados no curto prazo. Está em ganhar, ganhar, ganhar e essa
obsessão cria uma miopia diante das oportunidades, da ética e do melhor futuro.
É
claro que não era para ser assim. Todo empreendedor sonha com um negócio que
possa trazer independência profissional, viabilização financeira, enfim, ganhar
algum dinheiro com o que gosta de fazer e destacar-se na multidão.
Um
negócio próspero depende de uma visão mais ampla e sistêmica ao contrário de
uma visão reduzida e condicionada ao fluxo de caixa. Essa visão mais ampla e
sistêmica permite enxergar toda a teia formada pelos vários agentes que ali
interagem e contribuem. Vamos denominar essa teia de holograma de mercado .
Antes
de prosseguir, vamos juntos criar uma imagem do que seja esse tal holograma de mercado. Imagine uma
estrela de cinco pontas formada por: fornecedores, clientes, colaboradores,
investidores, empresários. Imagine agora o seu empreendimento no centro da
estrela interagindo com todos os demais agentes em uma relação de
interdependência e de auto-reforço. Responda: essas relações são saudáveis?
Estão alicerçadas na confiança? A verdade é a regra?
Um
bom empreendimento deveria conseguir uma relação de equilíbrio com todos os
demais agentes. Tal equilíbrio é também denominado de homeostase, em que todos os agentes interagem numa produtiva
relação de auto-sustentação e apoio. É como duas crianças brincando de gangorra
onde uma facilita o impulso da outra por meio do próprio peso.
Existe
esforço em demasia em grande parte das empresas. Isso é decorrente das
dificuldades que elas possuem em estabelecer uma relação de equilíbrio entre os
vários agentes. A ganância, a obsessão pelo ganho fácil, o imediatismo, a
prioridade pelo lucro, o oportunismo sem ética, a relação ganha/perde rompem
com o processo de homeostase fazendo com que os empreendimentos percam forças
de sustentação no médio e longo prazos.
Vamos
detalhar o que ocorre e como poderia ser as diversas relações para que um
empreendimento se sustente no curto prazo e se desenvolva no médio e longo
prazos.
Relação com fornecedores
Um
empreendimento é um grande processo que se inicia em uma demanda declarada pelo
cliente e termina na satisfação dessa demanda. Pois bem! Para que seja bem
sucedido, é necessário que esse processo seja munido por recursos de vários
tipos: matérias-primas, materiais secundários, acessórios. O produto final que
irá satisfazer as necessidades dos clientes depende desses insumos. É
fundamental que esses parceiros, os fornecedores, sejam tratados adequadamente
numa relação ganha-ganha. A relação não deve restringir-se às questões
comerciais mas deve estender-se à troca de conhecimentos e sustentada por uma
boa relação de confiança.
Não
é como normalmente ocorre. A falta de visão sistêmica sobre o que produz
resultado faz com que muitos fornecedores sejam esmagados em suas condições de
fornecimento. Querer ganhar sobre a fonte de suprimentos é obstruir o fluxo de
desenvolvimento do empreendimento.
Relação com concorrentes
Concorrente
é uma coisa, rival é outra. Quando o concorrente é compreendido como rival,
estabelece-se um duelo. Essa disputa acaba despendendo mais energia do que
devia. É comum equipes inteiras preocupadas em combater seus rivais do que em
satisfazer os seus clientes. Com isso, canalizam as atenções, os esforços, os
tempos e as competências para o alvo errado.
Concorrentes
servem como referência para que melhor possam ser compreendidas as diversas
forças existentes no mercado, bem como os nichos de oportunidades. Adotando a
visão sistêmica é possível compreender que um concorrente pode se transformar
em um parceiro em uma união sinérgica de competências, cujo resultado final é o
melhor para o cliente.
Relação com clientes
Tudo
bem que o cliente tenha sido descoberto nessa década passada e muitos são os
discursos pró-clientes. É também verdade que a atenção e o relacionamento com
clientes têm melhorado muito principalmente em setores econômicos mais
concorridos. Mas, para um grande número de empresas, cliente é o mesmo que
faturamento. Quando essa é a mentalidade, muitos contra-sensos são cometidos
para que a meta possa ser atingida no final de um período. Esses contra-sensos,
na forma de blefes e vantagens escusas, comprometem uma relação mais duradoura
embora possa trazer vantagens no curto prazo.
Relação com colaboradores
Se
todo o trabalho é feito pelos funcionários e todo o sucesso do empreendimento
depende deles, é difícil compreender como boa parte das empresas não consegue
tratá-los como parceiros. É comum serem tratados como custos variáveis, em
relações efêmeras, de baixa confiança e submetidos ao poder e ao controle de
sistemas organizacionais cerceadores.
Modelos
autoritários de liderança afetam o processo de homeostase e de equilíbrio. O
custo disso tudo está no baixo nível de comprometimento e do baixo engajamento
para enfrentar as mudanças necessárias e os melhores desafios.
Relação com investidores
Os
investidores querem retorno sobre os seus investimentos. Até aí, tudo bem. Mas,
em uma relação de equilíbrio, os investidores deveriam proporcionar mais do que
o capital investido e os empreendimentos deveriam oferecer a eles mais que o
retorno sobre esse capital.
Os
investidores deveriam estar preocupados na contribuição que o seu capital pode
dar à sociedade e os empreendimentos deveriam proporcionar sentimentos de
orgulho para aqueles que contribuíram com soluções de problemas para a
comunidade.
Relação com empresários
De
todos, os empresários têm o poder maior em fazer com que os diversos agentes
possam viver em uma relação de troca nutritiva, apoio recíproco e reforço
mútuo. Cabe a eles, a partir de uma visão sistêmica, harmonizar os mais
diversos interesses em prol do ganho comum.
Se
trocarem a visão de sobrevivência pela visão de possibilidades, verão que a
escassez dará lugar à abundância, a competitividade dará lugar à colaboração, a
confiança substituirá o controle e a repetição dará espaço à inovação.
Está
aí o caminho para empreendimentos feitos para durar.
Roberto Adami Tranjan
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