terça-feira, 13 de novembro de 2012

Saber - Visão Sistêmica

Olá!
Neste 'Saber', Roberto Tranjan define como se forma a visão sistêmica de um negócio, visão esta que realmente é capaz de construir um empreendimento feito para durar.
Bom filme e boa leitura.






Clique em "mais informações" para ler o artigo detalhado sobre este assunto.



Visão sistêmica para construir um empreendimento feito para durar


Você quer mesmo saber se o seu empreendimento é promissor? Se ele é capaz de romper com o círculo repetitivo da sobrevivência e tirar partido de todas as suas possibilidades?


O jogo da sobrevivência é muito conhecido. Está no imediatismo e na busca obsessiva por resultados no curto prazo. Está em ganhar, ganhar, ganhar e essa obsessão cria uma miopia diante das oportunidades, da ética e do melhor futuro.


É claro que não era para ser assim. Todo empreendedor sonha com um negócio que possa trazer independência profissional, viabilização financeira, enfim, ganhar algum dinheiro com o que gosta de fazer e destacar-se na multidão.


Um negócio próspero depende de uma visão mais ampla e sistêmica ao contrário de uma visão reduzida e condicionada ao fluxo de caixa. Essa visão mais ampla e sistêmica permite enxergar toda a teia formada pelos vários agentes que ali interagem e contribuem. Vamos denominar essa teia de holograma de mercado .


Antes de prosseguir, vamos juntos criar uma imagem do que seja esse tal holograma de mercado. Imagine uma estrela de cinco pontas formada por: fornecedores, clientes, colaboradores, investidores, empresários. Imagine agora o seu empreendimento no centro da estrela interagindo com todos os demais agentes em uma relação de interdependência e de auto-reforço. Responda: essas relações são saudáveis? Estão alicerçadas na confiança? A verdade é a regra?


Um bom empreendimento deveria conseguir uma relação de equilíbrio com todos os demais agentes. Tal equilíbrio é também denominado de homeostase, em que todos os agentes interagem numa produtiva relação de auto-sustentação e apoio. É como duas crianças brincando de gangorra onde uma facilita o impulso da outra por meio do próprio peso.


Existe esforço em demasia em grande parte das empresas. Isso é decorrente das dificuldades que elas possuem em estabelecer uma relação de equilíbrio entre os vários agentes. A ganância, a obsessão pelo ganho fácil, o imediatismo, a prioridade pelo lucro, o oportunismo sem ética, a relação ganha/perde rompem com o processo de homeostase fazendo com que os empreendimentos percam forças de sustentação no médio e longo prazos.

Vamos detalhar o que ocorre e como poderia ser as diversas relações para que um empreendimento se sustente no curto prazo e se desenvolva no médio e longo prazos.


Relação com fornecedores


Um empreendimento é um grande processo que se inicia em uma demanda declarada pelo cliente e termina na satisfação dessa demanda. Pois bem! Para que seja bem sucedido, é necessário que esse processo seja munido por recursos de vários tipos: matérias-primas, materiais secundários, acessórios. O produto final que irá satisfazer as necessidades dos clientes depende desses insumos. É fundamental que esses parceiros, os fornecedores, sejam tratados adequadamente numa relação ganha-ganha. A relação não deve restringir-se às questões comerciais mas deve estender-se à troca de conhecimentos e sustentada por uma boa relação de confiança.


Não é como normalmente ocorre. A falta de visão sistêmica sobre o que produz resultado faz com que muitos fornecedores sejam esmagados em suas condições de fornecimento. Querer ganhar sobre a fonte de suprimentos é obstruir o fluxo de desenvolvimento do empreendimento.


Relação com concorrentes


Concorrente é uma coisa, rival é outra. Quando o concorrente é compreendido como rival, estabelece-se um duelo. Essa disputa acaba despendendo mais energia do que devia. É comum equipes inteiras preocupadas em combater seus rivais do que em satisfazer os seus clientes. Com isso, canalizam as atenções, os esforços, os tempos e as competências para o alvo errado.


Concorrentes servem como referência para que melhor possam ser compreendidas as diversas forças existentes no mercado, bem como os nichos de oportunidades. Adotando a visão sistêmica é possível compreender que um concorrente pode se transformar em um parceiro em uma união sinérgica de competências, cujo resultado final é o melhor para o cliente.


Relação com clientes


Tudo bem que o cliente tenha sido descoberto nessa década passada e muitos são os discursos pró-clientes. É também verdade que a atenção e o relacionamento com clientes têm melhorado muito principalmente em setores econômicos mais concorridos. Mas, para um grande número de empresas, cliente é o mesmo que faturamento. Quando essa é a mentalidade, muitos contra-sensos são cometidos para que a meta possa ser atingida no final de um período. Esses contra-sensos, na forma de blefes e vantagens escusas, comprometem uma relação mais duradoura embora possa trazer vantagens no curto prazo.


Relação com colaboradores


Se todo o trabalho é feito pelos funcionários e todo o sucesso do empreendimento depende deles, é difícil compreender como boa parte das empresas não consegue tratá-los como parceiros. É comum serem tratados como custos variáveis, em relações efêmeras, de baixa confiança e submetidos ao poder e ao controle de sistemas organizacionais cerceadores.


Modelos autoritários de liderança afetam o processo de homeostase e de equilíbrio. O custo disso tudo está no baixo nível de comprometimento e do baixo engajamento para enfrentar as mudanças necessárias e os melhores desafios.


Relação com investidores


Os investidores querem retorno sobre os seus investimentos. Até aí, tudo bem. Mas, em uma relação de equilíbrio, os investidores deveriam proporcionar mais do que o capital investido e os empreendimentos deveriam oferecer a eles mais que o retorno sobre esse capital.


Os investidores deveriam estar preocupados na contribuição que o seu capital pode dar à sociedade e os empreendimentos deveriam proporcionar sentimentos de orgulho para aqueles que contribuíram com soluções de problemas para a comunidade.


Relação com empresários


De todos, os empresários têm o poder maior em fazer com que os diversos agentes possam viver em uma relação de troca nutritiva, apoio recíproco e reforço mútuo. Cabe a eles, a partir de uma visão sistêmica, harmonizar os mais diversos interesses em prol do ganho comum.


Se trocarem a visão de sobrevivência pela visão de possibilidades, verão que a escassez dará lugar à abundância, a competitividade dará lugar à colaboração, a confiança substituirá o controle e a repetição dará espaço à inovação.


Está aí o caminho para empreendimentos feitos para durar.


Roberto Adami Tranjan

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