Quem conta a história é o grande escritor russo Fiódor Dostoievski,
em seu livro Recordações da casa dos
mortos. O autor descreve a vida de prisioneiros na Sibéria. Seus algozes
não se contentavam apenas em mantê-los privados de liberdade. Queriam
enlouquecê-los. A partir da sádica intenção, alguém teve uma ideia terrível:
construir duas piscinas. Uma ficaria cheia d’água, outra, vazia. O trabalho dos
prisioneiros seria transferir o conteúdo de uma para outra. Com baldes de
água. Continuamente. Sem tréguas. Dia
após dia. Não que fosse uma tarefa
árdua, executada a duras penas. Mas se estendia por semanas, meses, anos... sem
que nenhum dos detentos soubesse o porquê. De fato, algo enlouquecedor. Não por
causa do cansaço, da transpiração, da repetição, do caráter forçado do
trabalho. O que enlouquecia os prisioneiros era a falta de significado no
trabalho.