quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mercado - Uma boa ideia



Pense na última reunião de negócio que você participou. Qual era o comportamento reinante? O humor, a inspiração e a produção de idéias ou a tensão, a preocupação e o silêncio? Apenas para constatar, pense com sinceridade sobre as empresas que você conhece: elas estão organizadas para serem celeiros ou cemitérios de idéias?  Quantas vezes você já ouviu: “não está no orçamento”, ou “já tentamos isto antes”, ou ainda “aqui as coisas não funcionam assim”?





Aí é que está o problema! Você aprendeu e eu também que mercado é o local onde se compram e se vendem mercadorias e serviços. Essa definição é do tempo do Adam Smith, o pai da economia, e é aceita por todos os economistas, dos keynesianos aos atuais neoliberais.


Aprendemos também que em um mercado livre, os preços, as quantidades e os métodos de produção são determinados pelas leis naturais da oferta e da demanda.  E, a partir daí, os produtos e os serviços formam a riqueza de uma nação. Para medir essa riqueza, os econometristas inventaram o PIB (produto interno bruto). Mas o PIB não é o melhor indicador de riqueza de uma nação assim como o faturamento não é o principal indicador de riqueza de uma empresa.


Está faltando, para um melhor entendimento de mercado e riqueza, a semente de tudo, a verdadeira fonte da riqueza, a origem das coisas: as idéias.


Pense bem, tudo parte de uma idéia: os animais organizados em rebanho; as formas de plantação que permite um melhor aproveitamento do trigo, do arroz, da soja;  a exploração da terra que torne possível a extração de minérios e recursos naturais; o design e a produção de carros; o vestuário e a moda; a água potável na torneira; os eletrodomésticos e suas facilidades; os computadores e a Internet; a canção que depois compõe um disco; a fórmula matemática que permite a construção de um edifício; a descoberta de uma molécula, que dará espaço para o aparecimento de um novo medicamento. Todos esses produtos ou serviços surgiram da capacidade humana de invenção, ou seja, das idéias. A energia, a eletricidade, o petróleo: todas as riquezas vêm da pesquisa, do conhecimento e do potencial criativo humano. É por isso que o verbo criar significa dar existência.


É claro que as idéias existem porque existem também a liberdade e a coragem de pensar e agir. É por esse motivo que os países de economias livres se desenvolveram mais do que os países de economias planejadas e centralizadas. Vale para uma país, vale para uma empresa.


Muitas empresas funcionam como as velhas e falidas ditaduras. Seus dirigentes não proporcionam aos seus talentos condições para o exercício do livre pensar, coragem de criar e vontade de agir.


Pense na última reunião de negócio que você participou. Qual era o comportamento reinante? O humor, a inspiração e a produção de idéias ou a tensão, a preocupação e o silêncio? Apenas para constatar, pense com sinceridade sobre as empresas que você conhece: elas estão organizadas para serem celeiros ou cemitérios de idéias?  Quantas vezes você já ouviu: “não está no orçamento”, ou “já tentamos isto antes”, ou ainda “aqui as coisas não funcionam assim”?


Está aí um grande paradoxo: mercados são idéias, negócios são idéias, mas as empresas estão constituídas para funcionarem no sentido contrário.


Pense em negócios! Negócios são almas humanas criando soluções para os problemas de outras almas humanas, tais como beleza, entretenimento, facilidades no trabalho, alegria, saúde, conhecimento, informação, luz, transportes e paladar. Negócios, portanto, são idéias!


Pense em mercados! Mercados são arenas onde as idéias são reconhecidas através de produtos e serviços, tais como cosméticos, filmes, computadores, automóveis, brinquedos, alimentos, livros, revistas, energia elétrica, aluguel de carros e temperos. Mercados, portanto, são idéias!


Agora pense nas empresas: sistemas de baixa flexibilidade, controláveis, intoleráveis aos erros, ambientes em que os sistemas técnicos prevalecem sobre os sistemas humanos, ou seja, as coisas (máquinas, materiais, instalações, controles) prevalecem sobre os geradores de idéias (pessoas, cérebros, inteligências).


Se os mercados inventaram a inovação, as empresas inventaram a repetição. Você acha que é exagero? Então constate: a maioria das pessoas nas empresas não pensa muito, trabalha com o piloto automático ligado, repete-se todos os dias. Ligar o piloto automático dá a sensação de estar no controle. Pois é! É isso que aprendemos com as empresas: estar no controle. Mas como dizia Mario Andretti, piloto de corridas, “se as coisas parecem sob controle é porque você simplesmente não está indo suficientemente rápido”. 


Pense em Albert Einstein: teria ele criado a teoria da relatividade se tivesse que se submeter a um orçamento? Pense em Leonardo da Vinci:  teria ele sido o gênio que foi se tivesse que seguir normas e regulamentos? As idéias, geradoras de toda a riqueza, provêm de espíritos inspirados, das inteligências de grupo, do conhecimento coletivo.


Na verdade, o mundo empresarial não precisa de grandes gênios, precisa de trabalhadores simples de mente independente, que queiram correr o risco de pensar e de se expressar livremente, e sobretudo, que acreditam que não existem limitações de mercado, existem limitações de imaginação.


Os empreendimentos do futuro serão aqueles inovadores, impulsionados pelo combustível das idéias, originárias das atitudes criativas de pessoas e equipes. As melhores idéias se desenvolverão nas empresas onde exista uma visão de futuro grandiosa e contagiante, em que haja uma postura voltada à inovação e onde a curiosidade e o aprendizado contínuo façam parte do jeito de ser e de trabalhar de todos.


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